Sobre a força do inevitável

Eu dançava e não sei qual era a música. Desconfio que era o toque do meu celular quando você liga, que eu inábil, não consigo alterar.

Você me olhava sorrindo, mas não dançava. Parecia bicho arisco, mas orgulhoso da presa que eu era. Tua presa. Quando me virei de costas, confesso que pra te provocar fingindo que olhava algum outro alguém, senti tua mão me tomando de assalto. Senti o empuxo que me enlaçou a cintura e me juntou ao teu corpo. Olhei nos teus olhos e vi desejo. E quis você. Quis como poucas vezes quis tanto.

Você sussurrou na minha orelha que eu soltasse o corpo, que confiasse totalmente. Você sabe que me embriago nessas ocasiões e não é a bebida. É o tesão. Ri sonoramente, concordando. Senti tua mão envolver minha nuca.Teu braço apoiou toda minha coluna. Tua outra mão envolveu minha cintura e me apertou no teu quadril. Soltei o peso do corpo nos teus braços e fiquei ali, pendente. Dependente de tua força me sustentando.

Você me beijou a boca sofregamente e a vertigem me tomou de assalto. Senti que não era mais dona de mim, mas você parecia saber que era você, meu dono. Sorriu. Me beijou as faces. As orelhas. O pescoço. Talvez me beijasse rapidamente, mas eu senti o tempo parar e todos teus beijos pareciam em câmera lenta.

Você continuou a me beijar e senti teu cabelo roçar meu decote. Vi você lá a me beijar sem nenhum pudor, em público. Provocando. Dizendo ao mundo quem mandava no meu corpo. Senti nos teus quadris que você era meu.

Segurei teu cabelo e te fiz olhar pra mim, tentando recuperar sobriedade. Você me olhou malicioso e desdenhou a plateia. Me perguntou se eu era tua. “Sou. Sou tua puta”. E me entreguei. Deixei que você me levasse de lá quase sem tocar meus pés no chão. Porque no fim, sabia, já era tua, antes mesmo de ser.

 

* Extrato de um email enviado long time ago, pra alguém que não foi meu. Nunca. Ou que sempre o será.

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32 Comentários

  1. A gente queima e resfria, só pra queimar de novo!

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  2. Adorei! Como sempre, muito intenso e cheio de coisas normais deliciosas que as pessoas muitas vezes não valorizam! Beijos, Flor!

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    • Obrigada, Erika. Gostei da colocação “coisas normais”. Um monte d egente chamou de erótico, o texto e talvez, seja. Mas deveria ser tão normal, né? Beijos

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  3. vera sousa

     /  02/02/2012

    UIiii … nossaaa!!!!. O texto faz com que a gente, viaje também.
    Deu vontade…. Ueppaaa …hahahah Amei Cris, bacana.
    Texto bom induz o leitor a viajar junto com o autor .. isso ai.
    Parabéns!!! ..

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  4. Elda Cecília

     /  02/02/2012

    Nossaaaa… Eu fui longe ao ler esse texto… Viajei legal!!! rsrs
    Vc nos envolve com suas palavras, faz tudo parecer tão real
    Ma ra vi lho so =)

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  5. wow!
    Tá inspirada, hein!?!
    Lindo!
    Bjux

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  6. edileneruth

     /  01/02/2012

    Sabe o que me veio à cabeça qdo terminei a leitura?

    “Ai, ai” ~~suspiros~~

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  7. Amanda Souza

     /  01/02/2012

    Uma das situações que fazem a gente se lembrar do quanto a vida é boa…

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  8. Eita, Cris!

    Que erótico, que romântico e bonito. É mesclado de paixão, força e delicadeza.
    Você consegue escrever sobre tudo! Risos.

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  9. Só tenho uma coisa a dizer: “tiri ti tiri ti tiri tiri TIRIGUETE”

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  10. ‘Soltei o peso do corpo nos teus braços e fiquei ali, pendente. Dependente de tua força me sustentando.’
    Profundo, vibrante, cheio de arrepios. Eis minha opinião sobre o texto.

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  11. Inesquecível. A pegada na cintura; o “vem cá minha nêga”, quando aplicado com maestria, tem a força de uma tatuagem. Pode ser apagado das lembranças, mas deixa cicatrizes. Desfaleci.

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  12. que lindo texto.

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  13. Que texto delicioso, amiga!! Eu que não posso ler muito essas coisas pq to numa seca! hahah mas adoreiii, já passei por isso, sei como é espetacular! Que muitos e muitos momentos como esse se repitam, se repitam…

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  14. Maravilha. Uma delícia quando a mulher se solta e fala isso para um homem… “Sou sua” de todas as formas. Muito bom Cris.
    Beijos.

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  15. Rebeca

     /  01/02/2012

    Senhorita Sita, mais um texto incrível. Pernas molinhas.
    Me fez lembrar de uma música que adoro… Só de você. Rita Lee.
    Beijo

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  16. Nossa amiga, que inspirada! Que paixão, que ardor, que envolvente!
    A espera do inevitável, a conquista do querer, ter, possuir, UAU Cris, da para viajar muito neste texto.
    Adorei, como todos os outros dos seus textos.
    Parabéns!
    Beijos.

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  17. Luciana

     /  01/02/2012

    Queimor dos bons que me deu agora…Outro belo texto !!!
    =P

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